sabato 7 luglio 2018

SEJAMOS AUDACIOSOS/AS

SEJAMOS AUDACIOSOS/AS
Carta aberta aos participantes 
dos "Diálogos em  humanidade" em Bruxelas, 
Parc Josaphat, 30 de junho e 1 julho - 2018
Riccardo Petrella

Nesses tempos de rejeição do outro, de guerras devastadoras, mas muito lucrativas para os senhores das armas, tempos de predação da natureza e da violência em todos os domínios, Vamos parar o rito sacrificial, o roubo da vida que é criminoso mas está legalizado.

Cada dia, há mais de 4000 crianças que morrem por doenças devidas à falta de acesso à água potável e aos serviços higiênicos. É um crime coletivo. Milhões de lavradores sem-terra passam fome. É incrível. Um bilhão e 300 milhões de pessoas em idade ativa não têm trabalho e vivem na miséria, na angústia, no desprezo dos privilegiados. Por outro lado, registram-se mais ou menos 8000 acidentes de trabalho mortais no mundo (2, 8 milhões de mortos por ano em 2016). É insuportável; 60 milhões de refugiados atravessam os oceanos ou percorrem territórios inóspitos à procura de um lugar onde habitar. Eles são cassados fisicamente porque considerados "ilegais e clandestinos". É desumano: ao redor de 15 mil espécies vivas desaparecem cada ano por causa de nossos modos de produção e de consumo predadores. É inaceitável.
Poderíamos continuar os exemplos... Sabe-se disso tudo. Entretanto, o roubo da vida continua. Triunfam as desigualdades entre as pessoas, entre as comunidades humanas e os povos não somente no nível do rendimento econômico, mas sobretudo, em relação à dignidade e à garantia dos direitos humanos e sociais. Na realidade, é o rito sacrificial que o sistema econômico e social dominante hoje impõe que se realize cada dia no altar da sobrevivência e do fortalecimento da dominação e do enriquecimento de uma mínima minoria dos habitantes da Terra.
É criminoso que o sistema considere racional e, portanto, justificado e legítimo que o dono da Amazon tenha podido, em 2017, ganhar 34 bilhões de $ sem trabalhar. Unicamente graças ao lucro financeiro produzido pelas ações na bolsa das quais ele é o proprietário. Enquanto isso, na Europa, um professor de escola primária para ganhar o mesmo tanto precisaria trabalhar dois milhões de ano e em tempo completo.  (Na América Latina, quantos anos quem ganha salário mínimo teria de trabalhar para ganhar o equivalente a isso?).
As classes dominantes não creem na igualdade entre os seres humanos diante do direito à vida. Eles argumentam que as desigualdades são o preço a pagar para o progresso, o crescimento econômico e a riqueza das nações ditas desenvolvidas. Não podemos mais aceitar que nossas sociedades legitimem assim esse rito criminoso.



Construamos uma Humanidade justa, em paz, na qual todos/as os/as habitantes da Terra possam viver.

Pode-se, em escala planetária, construir uma humanidade capaz  de possibilitar que todos os seres humanos tenham o direito de acesso aos bens e aos serviços necessários e indispensáveis à vida, na quantidade e qualidade consideradas mínimas. É possível eliminar os fatores estruturais que geram processos de empobrecimento no mundo e garantir o respeito ao direito à vida. Um bom estado ecológico garante as condições de regeneração e de diversificação do capital biótico da terra e da água do planeta, assim como das outras espécies vivas da Terra.
Atingir esses objetivos não é principalmente um problema de recursos financeiros. A chave é o querer. Precisamente é isso que aqueles que atualmente dominam não querem. Isso não seria lucrativo para os donos de capitais privados. Não é do interesse deles.

Pode-se também, a longo prazo, chegar a um  desarmamento coletivo mundial, partindo do desarmamento das armas nucleares e das armas bacteriológicas, como foi recentemente aprovado por 122 países membros da ONU.  No entanto, as potências militares, tendo à frente os Estados Unidos, nunca quiseram e não querem ouvir falar de desarmamento total (exceto se for o desarmamento dos outros). Os mercados financeiros não o querem. O motivo é que, por causa da sua crescente tecnologia, a produção de armas e guerras se tornou um dos setores econômicos mais lucrativos do mundo, depois da indústria farmacêutica, de informática e de petróleo (sem falar nas drogas e no mercado de pornografia).
Nós também poderíamos parar a devastação da natureza e da vida na Terra. Poderíamos projetar e implementar uma política ecológica mundial, baseada na superação do antropocentrismo e das ideologias produtivistas, extrativas e que instrumentalizam a vida. Já há pelo menos 30 anos, as principais agências especializadas das Nações Unidas (FAO, OMS, PNUE, PNUD, OMM, UNESCO ...) as três conferências sobre a Terra, as 25 Conferências da ONU sobre as mudanças climáticas demonstraram que é possível interromper e reverter essas tendências. Mas, isso não convém aos "senhores da vida" (indústrias farmacêuticas, químicas, agroalimentares, proprietárias de mais de 20.000 patentes privadas sobre os seres vivos e também aos "senhores da inteligência artificial" (TI). Essas são indústrias informáticas, de conhecimento, de telecomunicações, as novas formas de mídia. Esses também são proprietários de milhares de patentes privadas sobre a inteligência artificial (I.A). Todos esses se jogam no caminho da conquista e da dominação dos processos e dos mercados de transumanização e transnaturalização.
"Pode-se, poder-se-ia, se deveria...", mas o problema n°1 é que, no imaginário de nossas cabeças e em nossos corações (emoções, sentimentos, medos), a humanidade ainda não existe como ator-chave do presente e do futuro planetário. Os atores presentes, por toda parte dominantes, são justamente aqueles que impedem a inversão de tendências, a construção de uma humanidade justa, em paz, respeitosa da vida sobre a Terra.
Nessas condições, é absolutamente indispensável a luta em comum, desde o nível local até o planetário. Precisamos lutar contra o prestígio e o poder que, nos últimos 30 ou 40 anos, as nossas sociedades deram aos senhores das armas, aos senhores da vida e aos senhores da inteligência artificial. Mas, sobretudo aos senhores do dinheiro.
Nossa luta é a luta pela construção da justiça. Não há justiça sem igualdade. Não há igualdade sem liberdade. Não há liberdade sem solidariedade e sem partilha. Não há solidariedade e partilha sem responsabilidade comum dos bens e dos serviços essenciais e indispensáveis para a vida de todos os habitantes da Terra. Não há responsabilidade comum sem democracia verdadeira e radical.

 Bruxelas, 29 de junho de 2018

tradução de Marcelo Barros

Nessun commento:

Posta un commento

IL FORUM INTERNAZIONALE

A Verona la prima Agorà
degli Abitanti della Terra


Sono previste 200 persone da tutto il mondo. L'incontro veronese si situa nell'ambito della campagna "L'audacia nel nome dell'umanità". L'obiettivo è quello di redigere la Carta dell'Umanità per dare fondamento giuridico all'umanità e a un nuovo soggetto di diritto: l'abitante della Terra.
Tanti i protagonisti e i testimoni.

VERONA - Meno di un mese alla prima Agorà degli abitanti della Terra. Un programma denso di tre giornate che vedrà la partecipazione di circa 200 persone da varie parti del mondo, che da oltre un anno lavorano per la campagna "L’Audacia nel nome dell’Umanità”, lanciata dall’economista italo-belga Riccardo Petrella.
Saranno presenti anche volti noti dell’impegno sociale e culturale, come l’attore Moni Ovadia, il vescovo della Patagonia cilena Luis Infanti de la Mora, il teologo della liberazione latino-americana Marcelo Barros, il filosofo Roberto Mancini, la coordinatrice del Global Justice Network Francine Mestrum, nonché testimoni del Sud, come la mediatrice camerunense Marguerite Lottin, il medico indiano Siddhartha Mukherjee e Isoke Aikpitanyi, che si è liberata dal racket della prostituzione nigeriana e vincitrice del premio Donna dell’anno 2018.

L’evento “Agorà degli abitanti della Terra” è in realtà solo il primo passo di una iniziativa più ampia che ha come obiettivo il riconoscimento dell’Umanità come attore principale nella regolazione politica, sociale ed economica a livello globale. La sfida ambiziosa di stilare la Carta dell’Umanità, si pone come reazione costruttiva alle attuali spinte disgregatrici e divisive, che stanno rapidamente allontanando le persone dal riconoscersi parte della stessa “comunità umana” e dello stesso pianeta. Spinte che hanno portato nel tempo alla mercificazione di ogni forma di vita, alla privatizzazione dei beni comuni, alla monetizzazione della natura e ad un sistema finanziario predatorio, per citarne alcune.
Ecco allora che si è creato un nuovo spazio di dialogo e confronto, dove i gruppi promotori provenienti da Italia, Belgio, Francia, Germania, Portogallo, Spagna, Tunisia, Canada, Cile, Brasile e Argentina, presenteranno i loro lavori e si confronteranno su nuove proposte, in sessioni plenarie e parallele, presso il Monastero del Bene Comune di Sezano, sulle colline veronesi.

L'altro ambito di lavoro di questi giorni veronesi sarà l'istituzione (per il momento simbolica) di una “Carta d'identità mondiale degli abitanti della terra”. I Comuni potranno riconoscere che tutti gli esseri umani, radicati nei loro innumerevoli luoghi di vita sono abitanti di una stessa "comunità di vita” prima di essere cittadini di singoli stati. Finora i Comuni che hanno formalmente aderito sono: San Lorenzo (Argentina), Fumane e Canegrate (Italia), La Marsa (Tunisia), Palau Saverdera (Catalonia) oltre alla rete dei Comuni solidali (Recosol) e l'associazione nazionale dei Comuni virtuosi.

I temi previsti sono le diseguaglianze, l’impoverimento e l’esclusione sociale, il disarmo del sistema finanziario, la messa al bando delle armi, i beni comuni come l’acqua, il ripensare ad una collaborazione tra cittadini e organizzazioni non governative, e nuove visioni sul cammino dell’Umanità in questa fase di transizione.

GL